Irmã Maria Dolores

A religiosa IRMÃ MARIA DOLORES MUÑIZ JUNQUERA nasceu a 26 de fevereiro de 1926, em Gijón, na Espanha. Ela faleceu a 30 de agosto de 2008, em São Vicente (SP).

 

IRMÃ MARIA DOLORES É RESPONSÁVEL PELA INCLUSÃO SOCIAL DA POPULAÇÃO DO BAIRRO QUARENTENÁRIO

O Jardim Irmã Dolores mudou muito desde seu início até hoje e a Irmã Maria Dolores Muñiz Junquera foi uma das principais responsáveis por essas mudanças. Espanhola, grande lutadora pela igualdade social, sua atuação foi reconhecida por meio de prêmios significativos que recebeu.

As pessoas que conviveram com ela consideram-na como a “Mãe dos Pobres” e a “Guerreira da Paz”, que Deus chamou para o seu convívio a 30 de agosto de 2008, mas que continua presente pelo seu exemplo e a missão de continuar mantendo a sua obra.

Sua trajetória de vida dedicada ao bem coletivo está registrada no livro de Rubens Amaral e Nélia Cursino – “Dolores do Evangelho. Caminhos de Santidade da Guerreira da Paz”, lançado em Santos, em 2006, pela Editora Leopoldianum.

 

CONHEÇA A TRAJETÓRIA DE IRMÃ DOLORES

Maria Dolores Muñiz Junquera nasceu em 26/02/1926, em Gijón, nas Astúrias, ao norte da Espanha, em uma família de oito irmãos, filha de Eugênio Muñiz Olloqui e Carolina Junquera Prendes.

Em 1.º de julho de 1948, entrou como postulante na Congregação Maria Imaculada e, em 27 de maio de 1948, em Madri (Espanha), fez os votos perpétuos. Na década de 50 foi para França e Inglaterra. Cursou dois anos de Medicina. De Londres (Inglaterra) veio para o Brasil, como religiosa das Filhas de Maria Imaculada. Em 1967, trabalhou, inicialmente, em São Paulo e, depois, na Baixada Santista. Seu nome de religiosa na Congregação era “Madre Covadonga de Vicenta Maria”. Ela assumira o nome da Virgem padroeira das Astúrias e o da fundadora de sua congregação. Tornou-se uma estudiosa de Teologia, na linha de Leonardo Boff, Carlos Mesters, Benedito Ferraro, D. Pedro Casaldáliga e outros da Teologia da Libertação.

Com sua aparência frágil, pequena de estatura, cabelos brancos e olhos muito azuis, pessoa alguma, à primeira vista, poderia imaginar sua extraordinária resistência física, sua palavra forte, seu poder de determinação e extrema sensibilidade. Apaixonada pela causa dos “sem voz e sem vez”, desligou-se da congregação para viver totalmente dedicada aos mais carentes e excluídos.

Foi morar, em 1970, em uma simples palafita, em São Vicente, onde criou a JIP – Jockey Club Instituição Promocional – entidade que prepara jovens legionárias. Em 1979, no Guarujá, ajudou na transferência das famílias que viviam em áreas de risco nos morros para os núcleos hoje conhecidos como bairros Vila Zilda Natel e Vila Edna.

Em 1989, de volta a São Vicente, na Área Continental, trabalhou nos bairros Humaitá, Parque das Bandeiras, Samaritá e na Vila Ponte Nova/Quarentenário (hoje Jardim Irmã Maria Dolores).

Quando conheceu o Quarentenário, resolveu trabalhar e morar na área, para ajudar a melhorar as condições de vida da população. Esteve presente no local desde o início da ocupação. Com um grupo de pessoas, Irmã Maria Dolores resolveu fazer alguma coisa por aquela população excluída, carente de tudo, inclusive de orientação e impulsionar a implantação de equipamentos e serviços no bairro. O trabalho foi iniciado com visitas domiciliares e formação de pequenos grupos que se reuniam nos barracos. Assim, nasceu a VIP – Vila Ponte Nova Instituição Promocional, hoje Associação Promocional Irmã Maria Dolores – VIP.

 

VOCAÇÃO

Sua vocação vem da infância. Com seis anos de idade, sua professora perguntou-lhe “o que vai ser quando crescer?” Maria Dolores respondeu, sem titubear, que queria ser freira. A incrédula professora retrucou: “quero ver se você vai dizer a mesma coisa daqui a 20 anos”.

Após sua consagração, trabalhou em vários lugares da Europa, porém como seu desejo era trabalhar junto aos pobres, acabou vindo para o Brasil. Inicialmente foi para São Paulo e depois para Santos, onde começou suas atividades na ‘Congregação Maria Imaculada’ trabalhando com jovens.

Por seu temperamento dinâmico, não se sentiu realizada. Com apoio do Bispo Diocesano Dom David Picão, deixou a sua Congregação e foi morar em humilde barraco na Vila Jóquei, em São Vicente. O lugar era muito pobre, rodeado de palafitas, com valas expostas, por onde corria o esgoto e, muitas vezes, teve que sair de casa com água pela cintura devido às enchentes para ver como estavam os moradores perto dos diques.

Seu trabalho estendia-se pelos Diques das Caxetas e Sambaiatuba. Para formar uma comunidade, a primeira coisa que construiu foi a Capela São José Operário. No terreno dos fundos, criou serviço de atendimento às mães, ambulatório e classe para crianças onde, apesar de seu “portunhol”, foi a primeira professora do MOBRAL (alfabetização de adultos).

Com o tempo, criou a JIP –  Jóquei Instituição Promocional – , com diversos cursos profissionalizantes. O Curso de Legionárias dá oportunidade do primeiro emprego a centenas de jovens. A direção continua com pessoas que começaram o trabalho com Irmã Maria Dolores.

 

MUDANÇA

Após um período de intensas chuvas, houve uma série de desabamentos em morros no Guarujá. Os moradores desses locais foram transferidos para a Vila Zilda. Irmã Maria Dolores, vendo todo aquele povo necessitado e carente de tipos de recursos, não teve dúvidas e mudou-se para lá.

Com o auxílio dos integrantes do ‘Movimento de Cursilhos de Cristandade’, conseguiu construir uma pequena Capela e uma casa para morar. Quando chovia muito, a água invadia sua casa até a altura das canelas. Na parte da frente desta casa, instalou-se um ambulatório médico e dentário. As doações recebidas foram revertidas para a construção da Igreja e do Centro Comunitário que serviam para desenvolver várias atividades sociais e religiosas, o que colaborou para formar uma comunidade unida e organizada.

 

CHEGADA À ÁREA CONTINENTAL

Quando o Bispo nomeou um padre para o local, Irmã Dolores partiu para outras aventuras. Foi para a Área Continental de São Vicente para atuar nos bairros: Samaritá, Parque das Bandeiras, Vila Sonia, Gleba I e Gleba II, Parque Continental, Jardim Rio Branco e Humaitá, os quais contavam apenas com um sacerdote.

Inicialmente ela foi morar no Humaitá, onde, com o auxílio recebido da ‘Advenit’, iniciou a construção da Igreja e do Centro Comunitário, deixando esta obra bastante avançada quando se afastou.

Em seguida foi morar nos fundos da Capela Santa Terezinha, em Samaritá. Ali os mosquitos “pólvora” só faltavam comer as pessoas, mas ela nunca se queixou, como também nunca se queixou em qualquer ocasião de suas fortes dores provocadas pela coluna cervical. Nessa ocasião iniciou-se a ocupação de uma região chamada Quarentenário.

Irmã Maria Dolores, caminhando a pé pela linha do trem, já que não havia ruas, ia de Samaritá para ajudar na organização dessa ocupação. Lá construiu a Capela Nossa Senhora da Esperança, com apoio da ONG espanhola ‘Manos Unidas’ e também Posto de Saúde, Centro Comunitário e Escola Profissionalizante Irmã Maria Dolores – VIP, com os Cursos de Informática, Manutenção de Microcomputadores, Costura Industrial, Panificação e Confeitaria, Cabeleireiro, Elétrica Básica, Comandos Elétricos, Artesanato, Corte e Costura, Assistente Administrativo, Barman, Garçom, Modelagem, Configuração de micro, Eletrônica, Elétrica Instalador e Logística.

Com a ajuda dos paroquianos do Embaré, construiu a “Escola de Ensino Frundamental Raul Rocha do Amaral”, onde estudam 1.500 alunos. Mas ela não parou e inaugurou, em 26 de outubro de 2002, a”Biblioteca Comunitária”, com acervo de 5.000 livros – a única na área continental. Seu lema era: “Um povo sem leitura é um povo sem educação”.

Anexo ao Centro Comunitário funciona uma Pré-escola com 330 alunos e a Casa da Saúde da Mulher da Área Continental que, desde outubro de 2003, recebe gestantes para o pré-natal e oferece aparelhagem para outros exames. Atende principalmente a população dos bairros: Quarentenário, Vila Ponte Nova e Jardim rio Negro, que são carentes nessa área.

 

POR SUA DEDICAÇÃO AOS POBRES, AOS INJUSTIÇADOS E AOS OPRIMIDOS, RECEBEU IMPORTANTES TÍTULOS:

◘ Mulher do Ano – concedido pela Câmara Municipal de Vereadores de Santos;

◘ Cidadã Vicentina, em 02/06/2000 – concedido pela Câmara Municipal de Vereadores de São Vicente;

◘ Santo Dias de Direitos Humanos, em 08/12/2000, pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo;

◘ Indicada para concorrer ao Prêmio Nobel da Paz, em 2005, pela Assembléia Legislativa de São Paulo;

Irmã Maria Dolores – uma mulher que luta por um mundo melhor – Sócia Honorária pelo Rotary Clube de São Vicente;

◘ Medalha das Astúrias de Plata Oviedo, em 07/09/2005;

◘ Lançamento do Livro “Dolores do Evangelho Caminho de Santidade da Guerreira da Paz”;

◘ Cidadã de Guarujá, em 22/02/2006;

◘ Cidadã Brasileira, Guarujá, em 21/03/2007;

◘ Medalha Honra ao Mérito Getúlio Vargas – dada em 27/11/2007, pelo Ministério do Trabalho, em Brasília;

Los Asturianos Más Destacados – dado em 2005, em Astúrias, na Espanha;

◘ El título de “Hija Predilecta de Gijón” (Filha Predileta de Gijón) e “Príncipe das Astúrias” de Gijón, Espanha, em dezembro de 2007;

◘ Diploma: Mulher Cidadã Carlota Pereira de Queiroz – prêmio outorgado pelo Legislativo Federal, em Brasília.


Postado em: 22 julho, 2012